O Grande Desafio da Gillette

   No ano de 2005 a empresa americana Procter & Gamble comprou a Gillette por $57 bilhões, o negócio criou a maior empresa de produtos para o consumidor do mundo. O texto a seguir faz parte da matéria da Revista Veja - Edição 1 637 - 23/2/2000 e Texto de Crawford, C. Merle and Anthony DiBenedetto New Products Management. Ninth Edition. New York: McGraw-Hill, 2008.

  Durante décadas, a Gillette Co, tem seguido uma estratégia simples para o sucesso: Substituir a excelente tecnologia de lâmina com uma ainda melhor. Ao longo dos anos, Gillette nos trouxe a lâmina azul (Blue Blade), a Platinum Plus, o Trac II, o Atra, o Sensor, em seguida, o SensorExcel. Em abril de 1998, Gillete

anunciou a próxima geração de barbeador: um sistema de cartucho de giro de três lâminas chamado Mach3.Desde que foram inventados os apafelhos de barbear com cartucho, no início dos anos 70, os fabricantesestão perseguindo o barbeador de três lâminas. 

   O objetivo era conseguir cortar o pêlo da barba mais rente possível e causar o mínimo de irritação na pele. O aparelho de duas lâminas paralelas surgiu quase que ao mesmo tempo que os cartuchos de uma lâmina. Mas quando se colocava a terceira lâmina, ela provocava mais irritação na pele do que se podia tolerar. 

   A idéia de sistema de três lâminas estava sendo investigado por engenheiros Gillette já em 1970, sem muito sucesso. Durante os anos 1970 e 1980, eles

lançaram os de dupla lâmina Atra e Sensor, que tinham suas lâminas montadas em pequenas molas,enquanto continuavam o trabalho de projeto do sistema de três lâminas.

   No início da década de 1990, os problemas de design que tinha parado o sistema de três lâminas tinham sido superados. Um protótipo de barbear de três lâminas (codinome do Manx) foi desenvolvido e mostrado para superar o Sensor em testes internos.

   Um elemento-chave de design da Manx foi o posicionamento dos três lâminas: Cada uma das lâminas um pouco mais perto do rosto do que o anterior.estãos dispostas em níveis microscopicamente diferentes e progressivos. Dessa maneira, cada fio de barba é cortado três vezes numa só passada do barbeador pelo rosto. Este design patenteado reduziu a irritação causada pela terceira lâmina. Além disso, o ponto de articulação foi transferido para a parte inferior do cartucho (os que estão familiarizados com o sensor sabem que a sua PivotPoint está no meio do cartucho) . O novo ponto de pivô para se barbear você se sente um pouco como usar um pincel, somada à estabilidade do cartucho, e assegura que a borda inferior do cartucho sempre toca o rosto em primeiro lugar (garantindo que os cabelos foram levantados corretamente). Outras características de design também foram incorporadas ao Manx.

    No lugar da faixa de lubrificação branca encontrado no Sensor, um indicador de azul, que desvanece gradualmente indicando quando a lâmina precisa ser trocada, foi adicionada.

E os engenheiros, graças a uma nova tecnologia de metais emprestada da manufatura de semicondutores, estavam trabalhando em melhores lâminas, aperfeiçoando uma maneira de torná-las mais finas e duras. Em geral lâminas de barbear tem fio medindo 0,00006mm. A lâmina do Mach3 mal chega a 000054mm sendo 10% menos do que a normal.

    Além disso, estudos com consumidores encontraram um problema interessante com usuários de Sensor, sugeriu uma melhoria potencial do produto: 18 por cento dos homens colocavam o cartucho da navalha de cabeça para baixo! Um novo mecanismo de snap-in foi desenvolvido que só iria trabalhar na direção certa.

Infelizmente, o novo design ia ser caro para a fabricação. Houve resistência interna, com alguns gerentes acreditando que a empresa deveria seguir com uma alternativa menos-revolucionária: um SensorExcel de três lâminas ao invés da cara e arriscada introdução de um produto totalmente novo. Alfred N. Zeien, CEO da Gillete e engenheiro por experiência, favoreceu o novo design acreditando que a melhor chance para um produto vencedor seria o projeto tecnologicamente mais avançado.

    Michael T. Cowhig, diretor de manufatura para o grupo norte-Athantic, sentiu que a nova tecnologia metal, excelente para a fabricação de chips de computador, não estaria pronto para fazer lâminas, especialmente no volume que a Gillette espera vender anualmente. Ele disse: “Eu sabia que poderiamos fazer uma lâmina, não sabia se conseguiriamos 3,6 bilhões ”

    Sua avaliação era de que a lâmina Mach3 custaria cerca de 50 por cento mais do que a Sensor Excel, a lâmina premium Gillette até então.No entanto, o novo design (agora chamado pelo nome de código 225) foi bloqueado durante o mês de abril 1995. Os próximos três anos foram gastos na concepção e produção do equipamento necessário para fabricar os novos cartuchos – na maioria das máquinas teve de ser especialmente projetadas para a tarefa. Ele seria produzido em linhas de montagem totalmente automatizadas. Enquanto isso, os testes de uso do produto com os consumidores mostravam que o Mach3 superou SensorExcel por 2 a 1 obtendo diferença ainda melhor em relação a marcas concorrentes. Os testes com consumidores também sugeriram que os usuários eram bastante insensíveis ao preço do Mach3 foi bem avaliado mesmo com um sobre preço de 45% sobre o SensorExcel.

   A Gillette programou-se para um lançamento Abril de 1998. Ao todo, o desenvolvimento Mach3 levou seis anos e consumiu 750 milhões de dólares, cerca de quatro vezes mais do que o custo do Sensor. Além disso, 300 milhões de dólares foram direcionados para marketing no primeiro ano (100 milhões de dólares nos EUA e 200 milhões de dólares em outros lugares), por isso os custos iniciais quebraram a barreira de bilhões de dólares. O lançamento teve início nos Estados Unidos, Canadá e Israel em julho de 1998, a Europa Ocidental e parte da Europa de Leste, em setembro. O plano era ter o Mach3 disponível em cerca de 100 países até o final de 1999. Em comparação, o Sensor (amplamente considerado um sucesso de marketing global) precisou cinco anos para chegar a esse nível de distribuição.

Para acomodar o lançamento, o ramp-up de produção foi alvejado em 1,2 bilhões de cartucho por ano até ao final de 1998. Foi definido um peço alto, cerca de 35 por cento acima do preço do SensorExcel que era de 1 dólar por lâmina); o choque do preço foi amenizado colocando menos lâminas em cada pacote. Na época, pelo menos, um especialista do setor , Pankaj Ghemawat de Harvard , estava dizendo que mesmo o proço do SensorExcel foi "ultrajante" , embora Zeien e outros executivos de topo na Gillette acreditavam que o Mack3 era tão bom que venderia por si mesmo.

O desenvolvimento do Mach3 envolveu 500 cientistas e, apesar de ter apenas 24 componentes, o desenvolvimento resultou no registro de 35 patentes. A história da empreitada inclui até uma prisão de um funcionário que tentou roubar o projeto para vender a concorrência. Nenhuma pessoa que trabalhou no seu desenvolvimento tinha conhecimento do processo global.

Segundo Abelardo Garcia, diretor de negócios da Gillette do Brasil, "O mais importante é que 74% das pessoas que experimentaram o aparelho continuaram com ele".

Fonte: http://pt.slideshare.net/nicholasgimenes/estudo-de-caso-gillette-mach3

Processo de fabricação de um aparelho de barbear:

1- tratamento e corte das lâminas de corte

2- Fabricação das partes plásticas

3- Montagem

4- Embalagem

5- Controle de qualidade:Os produtos devem estar de acordo com as especificações rigorosas antes de serem liberados. As lâminas devem satisfazer uma classificação de dureza e de aço (620 vickers e densidade de carboneto de 10-45 partículas por 100 mícrons quadrados). 

1- Lâminas de corte

2- Partes plásticas

Fontes:
http://www.gillette.com/pt/br/Produtos/Aparelho-de-Barbear/fusion-proglide-power.aspx

http://pt.slideshare.net/nicholasgimenes/estudo-de-caso-gillette-mach3

http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/05/gillette-sinnimo-de-barbeador.html

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u92951.shtml

http://www.madehow.com/Volume-5/Safety-Razor.html