O México poderá superar o Brasil e transformar-se na economia dominante na América Latina nos próximos anos, segundo vários analistas. Apesar da violência associada ao tráfico de drogas, o México está se convertendo num lugar de predileção para os investimentos estrangeiros principalmente pelo aumento dos salários na China.
"Prevemos que o México superará o Brasil para converter-se no número um da América Latina em 2022", apoiado por um forte crescimento e um aumento de sua produtividade, afirmaram os analistas do grupo Nomura, firma financeira com sede na Ásia.
O México teve um crescimento de 3,9% em 2011 e seu Banco Central prevê até 4,25% para este ano. O crescimento do Brasil se reduziu a 2,7% no ano passado e o país deve crescer apenas 1,6% em 2012.
A desaceleração se registra depois que o Brasil viveu uma "década dourada" alimentada pelo apetite da China por matérias-primas, depois da entrada do gigante asiático na Organização Mundial do Comércio em 2001.
Paralelamente, o México está no início de uma nova era, em um momento em que mais e mais indústrias se estabelecem em seu território devido ao crescente custo da mão de obra na China, assegura Nomura.
O Boston Consulting Group, uma consultora de gestão global, estima, por sua parte, que já é mais atraente fabricar no México do que na China.
"Acreditamos que este anos os custos de produção no México são iguais ou inferiores aos da China", afirmou à AFP, Hal Sirkin, sócio da consultora americano.
Os salários médios, calculados levando em conta a produtividade, eram 3,06 dólares por hora no México em 2010 contra 2,72 dólares na China, explica. Para 2015, chegarão a 5,30 dólares na China contra 3,55 no México.
O fato de que o México tenha uma fronteira comum com os Estados Unidos, o principal importador mundial, ajuda, mas também significa um risco em caso de recessão da economia americana.
Marco Oviedo, analista do banco Barclay's, publicou um artigo em 6 de setembro no qual destaca que, depois de ter estado atrás da China nas exportações do setor industrial durante uma década, o México recuperou a iniciativa nesse setor a partir 2008-2009.
O México se converteu no quarto exportador de carros este ano, e outras indústrias estão crescendo também, da aeronáutica até a eletrônica, passando pelas telecomunicações.
Desde o princípio do ano, a Nissan, a Ford e a BMW anunciaram planos para abrir novas fábricas ou aumentar sua produção no México.
A Audi é a mais recente a se instalar no México e sua fábrica em San José Chiapa, centro do país, permitirá a criação de 3.000 a 4.000 empregos a partir de 2016.
"Isso vai nos permitir enviar nossos carros livres de impostos para os Estados Unidos, a América Latina e a Europa", afirmou Uwe Hans Werner, porta-voz da Audi.
As indústrias continua se instalando no México apesar da violência que deixou 60.000 mortos durante os últimos seis anos. "É um dos temas que preocupam as empresas", reconhece Sirkin.
A violência incidiu no ano passado no desempenho econômico do México. O Instituto Nacional de Estatísticas e Informática indicou que a criminalidade custou cerca de 16,5 bilhões de dólares à economia mexicana em 2011, representando 1,38% do PIB.
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