A chinesa Lenovo anunciou nesta quarta-feira a compra da brasileira CCE por R$ 300 milhões, numa estratégia para se tornar a maior fabricante de computadores do Brasil, posição atualmente ocupada pela Positivo Informática. O valor divulgado corresponde ao preço base da aquisição, mas ainda está sujeito a ajustes, segundo comunicado da Lenovo enviado ao mercado de Hong Kong. Entre os ajustes da operação em dinheiro e ações estão cumprimento de alguns indicadores de desempenho da CCE até 2016 que podem aumentar o valor em até R$ 400 milhões. No total, a operação que pode alcançar os R$ 700 milhões.
O negócio envolve as empresas Digiboard Eletrônica, produtora de placas eletrônicas e painéis de cristal líquido e LED; Digibras, que detém a marca CCE e monta produtos como computadores, TVs e celulares; e Dual Mix.
Com a compra, a segunda maior fabricante de computadores do mundo, que no Brasil atualmente foca seus esforços mais no segmento corporativo, atinge uma participação de 7% no mercado brasileiro de PCs, além de adicionar celulares e televisores à sua linha de produtos eletrônicos.
- A nossa meta é chegar ao primeiro lugar do mercado brasileiro de PCs dentro de três anos - disse Roberto Sverner, fundador e diretor-presidente da CCE, que permanecerá à frente da gestão dos produtos da marca brasileira.
O presidente-executivo da Lenovo, Yang Yuanqing disse que a aquisição da companhia brasileira complementa perfeitamente a estratégia da Lenovo, de ampliar a presença nos mercados emergentes, onde já é líder internacionalmente, e avançar também no segmento para além dos computadores, que inclui smartphones, SmartTvs e tablets, que chama de PC+.
- Acreditamos que com a CCE, o Brasil vai se transformar rapidamente num dos maiores mercados de PC+ da nossa companhia - afirmou Yuanqing.
Ele ressaltou que a compra da CCE não vai resultar em demissões. Segundo ele, a Lenovo está inclusive contratando pessoal para a fábrica em Itu, no interior de São Paulo, que deve empregar 700 trabalhadores. Segundo ele, ao fim do processo de expansão, a Lenovo deve contar com mais de 3 mil pessoas no país.
"Nos últimos anos nos estabelecemos na posição número 1 em mercados emergentes e esperamos fazer o mesmo no Brasil. Atuamos forte nos grandes mercados emergentes", disse a companhia, em comunicado.
"Somos dominantes na China, estamos em terceiro na Rússia e em primeiro na Índia, e estamos investindo pesado no Brasil", completou a Lenovo.
A Digibras foi criada em 1964. A companhia tem sete fábricas no polo industrial de Manaus e em São Paulo, cerca de seis mil funcionários e faturou R$ 1,6 bilhão em 2011. A empresa produziu no ano passado 774 mil computadores e expectativa para este ano é de 887 mil unidades.
Segundo o Morgan Stanley, a Lenovo está perto de atingir o equilíbrio financeiro em mercados emergentes, mas o Brasil é a região onde a maior parte de suas perdas ocorrem, principalmente por causa de altas taxas de importação (impostos) e uma fraca rede de distribuição de produtos.
A compra da CCE ocorre após a Lenovo ter investido US$ 30 milhões em uma fábrica em Itu (São Paulo) e feito uma oferta pela Positivo em 2008 que foi recusada pela companhia brasileira, líder no setor de PCs.
"A CCE é uma aquisição excelente com sua linha de produtos... e valiosa base de manufatura no Brasil", disse o presidente-executivo da Lenovo, Yuanqing Yang, segundo nota enviada à imprensa.
A Lenovo afirma que o mercado brasileiro de PCs, smartphones, tablets e de Smart TVs (televisores inteligentes e conectados à internet) é avaliado em US$ 124 bilhões. A fatia de PCs equivale a US$ 55,5 bilhões, com um crescimento anual entre 2012 e 2016 estimado em 12%. Enquanto isso, o mercado de smartphones brasileiros corresponde a US$ 48 bilhões.
A Lenovo afirma que o mercado brasileiro de PCs, smartphones, tablets e de televisores inteligentes (SmartTv) é avaliado em 124 bilhões de dólares. A fatia de PCs equivale a 55,5 bilhões de dólares, com crescimento anual entre 2012 e 2016 estimado em 12 por cento. Enquanto isso, o mercado de smartphones brasileiros corresponde a 48 bilhões de dólares.
Na terça-feira, a Positivo anunciou sua entrada no mercado de smartphones, para complementar sua linha de produtos que vai além de computadores recebeu incrementos recentes com modelos de tablets.
As ações da Lenovo encerraram em queda de 7,5% nesta quarta-feira, depois que a japonesa NEC vendeu toda a sua participação na companhia chinesa por cerca de US$ 230 milhões.
Em março, aquisição da divisão de computadores pessoais da IBM pela Lenovo por US$ 1,25 bilhão foi aprovada por órgãos reguladores americanos, vencendo a resistência de congressistas e do próprio governo, que eram contra o acordo. Preocupados com a perda de "um grande fabricante americano de PCs para uma companhia chinesa, um grupo tentou bloquear o primeiro negócio envolvendo chineses e americanos.
A IBM manterá participação de 19% na Lenovo, além de permitir que a companhia chinesa use a marca IBM por cinco anos.
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