A localização do novo Polo Automotivo Jeep em Goiana, Zona da Mata Norte de Pernambuco, é, por si só, um desafio logístico, tanto para a chegada dos materiais e componentes que serão utilizados na fabricação dos veículos, quanto para o escoamento e distribuição da produção. Para a operação de entrada, a solução inovadora adotada pela Fiat Chrysler Automobiles (FCA) é o conceito de cross-docking, que centralizará a recepção dos componentes dos fornecedores nacionais. Já para a operação de escoamento da produção, o modelo da FCA é o próprio gerenciamento do pátio de veículos da fábrica, que trará maior segurança para a operação.
Mais moderna e eficiente planta da FCA, a fábrica Jeep de Pernambuco foi concebida para atender aos mais avançados processos globais de fabricação automotiva, ao aplicar mais de 15 mil das melhores práticas, aprimoradas dentro do sistema Word Class Manufacturing (WCM). Os focos estão, principalmente, na excelência na produção e na otimização do fluxo logístico.
Flexível para a produção de diversos modelos simultaneamente, terá capacidade para entregar ao mercado 250 mil veículos por ano, que atenderão ao mercado da América Latina. Ao todo, a planta soma uma área construída de 260 mil m², composta por cinco edifícios principais: prensas, funilaria, pintura, montagem e centro de comunicação (local por onde passam todos os veículos depois de cada fase de fabricação).
As peças nacionais para fabricar o Jeep Renegade são fornecidas por empresas de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Sergipe, além do Estado de Pernambuco. Serão importados componentes da Europa, do Nafta (Estados Unidos, Canadá e México) e, em menor quantidade, da Ásia.
Para receber todas as peças dos fornecedores nacionais, que estão localizados fora da região Nordeste, a FCA implantou o inovador sistema de cross-docking. São galpões estratégicos (cross-docks), que recebem as mercadorias em Minas Gerais e São Paulo, distantes 2,1 mil e 2,8 mil km de Goiana, respectivamente. Com o sistema, as peças são enviadas conforme a necessidade da produção.
“Esse modelo ajuda a reduzir o estoque de peças, diminui as movimentações e, consequentemente, o risco de danos nos materiais. É um modelo mais eficiente do que o tradicional”, explica o gerente de Logística de Distribuição da FCA para a América Latina, Mauricélio Faria.
Os componentes saem dos cross-docks diariamente e seguem para o Centro de Distribuição de Carga (CDC), um galpão com 54 mil m², construído ao lado da fábrica Jeep. O CDC é responsável pelo armazenamento, sequenciamento e entrega dos materiais para as linhas de produção. O seu gerenciamento segue o conceito do First In, First Out, no qual os primeiros componentes que chegam são os primeiros a irem para a linha de produção.
Os Jeeps Renegades fabricados em Goiana atenderão, inicialmente, ao mercado interno do País. Para chegarem com eficiência ao Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que correspondem a cerca de 80% do total, os veículos seguirão para o polo de Betim, Minas Gerais. O escoamento da produção do Polo Automotivo Jeep será feito diariamente, seguindo o mesmo ritmo da produção e do faturamento. A expectativa é que saiam entre 100 e 120 carretas do polo, quando atingir a capacidade total de produção de 250 mil carros ao ano.
“Cada carreta possui capacidade para dez carros. No total, teremos cerca de 1.000 carros saindo da fábrica diariamente. Todo o transporte será feito via rodovias. Nós teremos a atenção especial com essa operação, porque precisamos evitar possíveis danos. Precisaremos ter mais cuidado na hora de fazer o carregamento e proteger mais o carro”, explica Faria.
Para garantir, ainda mais, a qualidade na saída dos carros, a própria FCA será a responsável pela operação do pátio de veículos da nova fábrica, que tem capacidade para 5,9 mil veículos, uma ação inédita no País. “Nas montadoras, de modo geral, quem faz isso é um operador logístico. No Brasil, somos os primeiros a fazer, queremos trabalhar com ainda mais carinho. Com isso, conseguiremos garantir que, no momento do carregamento, o carro esteja 100% sob nosso controle”, detalha o gerente.
No pátio, o monitoramento dos veículos será feito por meio de um sistema de gestão de estoque e de parqueamento, cerca de 120 pessoas trabalharão naquele local.
Economia marca a distribuição dos veículos
Os novos Jeeps Renegades percorrerão, em média, 2,4 mil km até seu ponto de venda, em um trajeto que durará cerca de oito dias. Para efeito de comparação, um veículo que deixa a linha de montagem da Fiat Automóveis, em Betim, percorre, em média, entre 800 e 1,1 mil km de distância, em um percurso realizado em, aproximadamente, quatro dias, até seu ponto de venda.
Esse tempo de entrega se torna possível, pois as mesmas carretas originadas da planta da Fiat, em Betim, levarão veículos destinados às regiões Nordeste e parte da Norte, e voltam carregadas com carros Jeep. “Isso nos obriga a sincronizar o planejamento dos embarques para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste, no mesmo ritmo da movimentação das carretas vindas com produtos de Betim”, acrescenta Faria.
Esse sistema logístico integrado é eficiente e econômico, pois as carretas farão a viagem de ida e volta carregadas. Com isso, serão poupadas 23 mil viagens por ano, o que representa uma economia de 104 milhões de km e de 42 milhões de litros de diesel, que resultam na redução de emissão de 101 mil toneladas de dióxido de carbono, além de menor desgaste das estradas e menos consumo de pneus.
Quem fará a distribuição do transporte dos veículos?
Quando saírem do local, os carros passarão a ser responsabilidade da Sada Transportes, empresa que atua há 37 anos na distribuição dos carros da FCA no Brasil e que, também, fará a operação logística dos carros que forem produzidos no Polo Automotivo Jeep. Três unidades de operação da Sada Transportes estão em fase avançada de construção, em Pernambuco. Em Goiana, a unidade fica próxima à fábrica da Jeep, em uma área de 134,6 mil m². A segunda estará dentro da fábrica Jeep e será o centro de carga e descarga. A terceira será localizada em Ipojuca, cidade do litoral Sul de Pernambuco e que abrigará a área retroportuária da empresa, com 132 mil m². Toda essa estrutura foi planejada para proporcionar um melhor suporte aos motoristas, evitando desordenamento e impactos sociais nas estradas, de acordo com a Lei do Motorista nº 12.619.
Na distribuição de carros novos para as regiões Nordeste e Norte, serão utilizados motoristas predominantemente baseados em Pernambuco, principalmente, de Goiana e Recife. “A oferta local de serviços será considerada e aproveitada dentro da estratégia de otimização dos recursos, para uma logística sustentável”, acrescenta Faria.
Porto de Suape, estratégico para a FCA
O Porto de Suape, em Pernambuco, é um dos elementos estratégicos da FCA, tanto para futuras importações de peças, componentes e veículos, quanto para a exportação dos carros produzidos no Polo Automotivo Jeep. “O Porto de Suape foi um dos motivos que trouxe a fábrica da Jeep para cá, porque ele pode se tornar, talvez, o principal porto de entrada para veículos no futuro”, afirma Faria.
Para atender à demanda, um novo pátio público de veículos foi construído no Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, pela própria administração. As obras civis da nova área, que possui 10 hectares, foram finalizadas em 2014. Por ser um pátio público, o espaço também pode ser utilizado por outras montadoras. O governo é o responsável pela fixação dos volumes movimentados e dos preços.
Nos próximos 12 meses, a capacidade estática dos pátios do Porto de Suape chegará a 10 mil veículos por mês. Com a média de dois giros mensais, esse montante pode chegar, mensalmente, a 20 mil carros.
O Porto de Suape é visto pela FCA como a porta de saída para os veículos do Polo Automotivo Jeep, que, futuramente, deverá atender aos países vizinhos. “Utilizaremos muito à medida que começarmos a exportar esses carros para toda a América do Sul e parte da América Latina. É uma estratégia para quando o Brasil tiver um projeto de incentivo à cabotagem, mais simples e com menos exigências para os navios operarem. Isso seria a grande solução para os Estados que estão no extremo do País, como o Paraná e o Rio Grande do Sul”, argumenta o gerente.
Fonte: http://www.revistamundologistica.com.br/portal/noticia.jsp?id=2008
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